Parabéns ao CMP e 11ª RM pelo 60º aniversário
A transferência da capital federal do Rio de Janeiro para o interior do País foi concretizada com a inauguração de Brasília em 21 de abril de 1960. A intenção de interiorização surgiu no período colonial, como proteção de invasões que poderiam vir do mar, passando à motivação pelo desenvolvimento da região central brasileira.
O processo de interiorização ganhou força ao final do século XIX, quando foi prevista, na Constituição Federal de 1891, a demarcação da área da nova capital. Entre 1892 e 1896, o Tenente-Coronel Luis Ferdinand Cruls chefiou a Comissão Exploradora do Planalto Central na demarcação do quadrilátero - futuro Distrito Federal, denominada “Missão Cruls” que realizou o levantamento da topografia, fauna, flora e hábitos interioranos.
Meio século depois, o Marechal José Pessoa liderou cerca de cem voluntários, todos sem remuneração, na missão de localizar a nova metrópole e foi além, planejou a construção e a mudança da capital. Todo esse legado foi utilizado por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, na construção de Brasília.
A mudança em curso demandou um contingente militar para a defesa. Em 1958, um aquartelamento de madeira, próximo ao Palácio da Alvorada, foi a sede da primeira Organização Militar do Exército Brasileiro na capital em implantação no Planalto Central.
Em 25 de abril de 1960, foi criado por Decreto o Comando Militar de Brasília e 11ª Região Militar (11ª RM), responsável pelo território do Distrito Federal, Goiás e de porção do Triângulo Mineiro. Para o desafio de exercer cumulativamente o comando, foi nomeado o Gen Bda Mário Poppe Figueiredo.
Em 21 de junho de 1967, o Comando Militar de Brasília foi extinto e a 11ª RM ficou subordina ao I Exército, atualmente Comando Militar do Leste. Posteriormente, em 26 de fevereiro de 1969, foi criado o Comando Militar do Planalto (CMP) e 11ª RM.
A Constituição de 1988 criou o Estado do Tocantins, pelo desmembramento do Estado de Goiás. O CMP manteve o novo estado sob sua área de responsabilidade, exceto o Bico do Papagaio, que permaneceu com o Comando Militar da Amazônia até 2013, quando foi passado ao Comando Militar do Norte.
Em 23 de março de 1994, a 11ª RM foi desmembrada do CMP, tornando-se um grande comando administrativo autônomo, tendo como primeiro comandante o Gen Bda Paulo Roberto Yog de Miranda Uchôa. Em 2000, a 11ª RM recebeu a denominação histórica Tenente-Coronel Luis Cruls, em homenagem à relevância dos serviços prestados ao Brasil.
A Era do Conhecimento, a emergência do País no cenário internacional e o cenário difuso em decorrência de novos atores e ameaças, ao se descortinar o século XXI, compuseram diagnóstico para que a Força identificasse a necessidade de obter novas capacidades. A transformação do Exército abarcou o CMP e a 11ª RM, atualizando a estrutura organizacional.
Em 2002, foi criada a Brigada de Operações Especiais, atual Comando de Operações Especiais, em Goiânia/GO. O CMP passou a ter subordinada um Módulo Especializado das Forças de Emprego Estratégico, ampliando a capacidade de operações especiais do Exército Brasileiro.
Em 2005, o 6° Grupo de Artilharia de Costa Motorizado foi transformado em 6° Grupo de Lançadores Múltiplo de Foguetes, tornando-se mais um Módulo Especializado das Forças de Emprego Estratégico. Iniciava-se o processo de remanejamento, evolução e criação de organizações militares relacionadas ao Sistema Astros, centralizando-as em Formosa/GO.
Em 2017, a transformação alcançou a 3ª Brigada de Infantaria Motorizada. O sucesso do Programa Estratégico Guarani possibilitou que o 36º Batalhão de Infantaria Motorizado fosse transformado em Mecanizado, promovendo ganhos e desafios operacionais e logísticos. O 3º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado também já recebeu o material Guarani, o 22º BI e o 41º BIMtz futuramente serão contemplados com esses blindados.
A inauguração do Comando de Artilharia do Exército no Forte Santa Bárbara, em janeiro de 2020, centralizou a Artilharia de Mísseis e Foguetes, sendo um marco para o CMP, o Programa Estratégico Astros 2020 e o Exército. Foi agregado poder de combate, capacidade operativa e logística, ampliando o poder de dissuasão da Força Terrestre.
Essa gloriosa história vem sendo construída na contribuição ao Exército para a garantia da soberania nacional, dos Poderes Constitucionais, da lei e da ordem; atribuições subsidiárias; segurança e guarda presidencial; cerimonial militar e participação em missões internacionais.
O Braço Forte e Mão Amiga se caracterizam no resumo histórico de participação em eventos relevantes, que enobreceram o esforço dos Comandantes e Subordinados, com destaque: enfrentamento à Rebelião de Sargentos (1963); crises de segurança pública (greve da PF em 1994, da PMDF em 2000/2001 e motim da Polícia do Tocantins em 2001); proteção da fazenda do Presidente da República (1999 a 2002); Bug do Milênio (1999); coordenações de segurança de área; segurança de posses presidenciais, de Cúpulas de Chefe de Estados e de grandes eventos (Copa das Confederações 2013, Copa do Mundo 2014, Tocha e Olimpíadas 2016); operações de Garantia de Votações e Apurações; greve dos caminhoneiros (2018); operações de GLO em Brasília, Força de Pacificação no Complexo da Maré/RJ (2015); Operação Verde Brasil/TO (2019) e, atualmente, na Operação COVID-19.
Ressaltam-se o emprego na construção de estradas e ferrovias; lançamento de pontes; enfrentamento à dengue e à zika; apoio às campanhas de vacinação e calamidades públicas; dentre muitas outras.
No campo externo, destaca-se a participação de tropas do CMP em contingentes de missões ONU para manutenção da paz em Angola, Timor Leste e Haiti.
Parabéns ao CMP e 11ª RM pelo 60º aniversário.
Brasil Acima de Tudo!
Gen Div SÉRGIO DA COSTA NEGRAES
Comandante Militar do Planalto