Mulheres integram exercício internacional
O Brasil tem uma longa história de contribuição para as operações de paz. Nesse percurso, o papel das mulheres nas mediações, prevenções e soluções de conflitos tem se mostrado cada vez mais eficiente. Além de desempenharem funções como agentes executoras das suas Forças e instituições, elas atuam também na pacificação e conciliação em um ambiente hostil. Participou do Exercício Viking 22 um total de 17 mulheres, sendo nove civis e oito militares.
A Major Juliana Patussi Bertol, do Exército Brasileiro, destacou que o Exercício está sendo uma excelente oportunidade de aprendizagem e troca de experiências, tendo em vista a integração de militares de outras Forças, civis e também pessoal de outros países. Ela participa do Viking 22 como agente da célula responsável pela cooperação entre os componentes militares, policiais e civis presentes no ambiente da missão. "Fui selecionada para atuar na missão de paz no Sudão do Sul como observadora militar, com previsão de início para março de 2023. Tenho certeza que todo conhecimento adquirido no Viking 22 vai me ajudar quando eu estiver na missão”, disse.
Segundo a Capitão de Fragata Nilza Barros da Silva, que foi Gender Advisor na Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA) no período de agosto de 2020 a agosto de 2021, o momento é especial, principalmente pelo fato de o exercício ser uma simulação do que acontece no contexto de uma missão de paz. “Estamos vendo a integração dos componentes militar, civil e policial em diversos aspectos do exercício. Acredito que isto será um grande marco no resultado do Exercício Viking 22”, ressaltou a integrante da Marinha do Brasil.
Reforçando a equipe da Força Aérea Brasileira, houve a participação da Major Luanda dos Santos Bastos, atuando no Viking 22 como Gender Advisor. "É importante o emprego feminino em missões de paz e também em outras células de trabalho. Todas têm muito a agregar", enfatizou.
De acordo com Coordenadora-Geral da Rede Brasileira de Pesquisa sobre Operações de Paz (REBRAPAZ) e Chefe da Equipe de Civis, Dr.ª Eduarda Hamann, as mulheres uniformizadas brasileiras participam de missões de paz da ONU desde o início dos anos 1990. “Hoje, em 2022, há oito mulheres, sendo quatro militares e quatro policiais, desdobradas em três diferentes missões: República Centro-Africana (MINUSCA), Saara Ocidental (MINURSO) e Sudão do Sul (UNMISS)", acrescentou.
Para a Dr.ª Eduarda, as mulheres geralmente trazem consigo a capacidade de criar uma espécie de ponte entre os militares e policiais da missão e a própria população local, sobretudo nos países em que são marcantes as diferenças socioculturais entre homens e mulheres. De acordo com ela, isso pode fomentar as abordagens e aproximar população e militares em um longo processo de construção da confiança.